Sonhos
A ilustração, supra sumo da produção aldravista de arte, é da autora, que assina com o nome de Deia Leal
Tive muitos sonhos ousados, imortalizados pela memória como se fossem pequenas pastas de arquivos. Alguns adormeceram na impossibilidade de concretização; hoje fazem parte de um arquivo morto que podem ser consultados ou reestruturados a qualquer momento. Às vezes os tiro do ostracismo para rever valores, erros, desejos, frustrações ou os comparo com os sonhos atuais.
Um dos mais inesquecíveis era a obstinação exacerbada de ser professora. Hoje me pergunto: por que esse sonho me perseguia tanto? Influência de minha mãe ou de meus irmãos? Influência de alguém? Ou influência minha? Por que era tão importante? Simplesmente pela razão de ter um dos papéis mais nobres e importantes em uma sociedade. Sim, queria ser professora e era vontade minha! Ser como os respeitados mestres nos tempos áureos de escola primária, de magistério, de universidade e de pós-graduação. Tive bons mestres, uns geniais e alguns nem tanto...
Voltando aos sonhos; sonhei em ser mãe e não fui. Sonhei em ser professora e fui por um tempo ínfimo. Sonhei em me casar e passar o resto dos dias criando filhos, se os tivesse; cuidando da casa, do marido e um trabalho de meio expediente. Tive uma casa sem filhos, um casamento feliz e não moro na cidade de onde vivi a maior parte da minha existência.
Um de meus mais ousados, digo ousado, pois para os padrões financeiros de uma moça do interior de família pobre, como muitos diziam e dizem até hoje, era dar o passo maior que as pernas: fazer um curso superior em outra cidade. Sonho distante. Sonhei incontáveis vezes dormindo...
Sonhei acordada sentada na varanda da casa de meus pais no interior de Minas: chegar ao céu e contemplar as estrelas lá de cima também. Uma paixão indescritível pelo céu fazia parte de meus devaneios e momentos de relaxamento. Olhar, contar as estrelas e ver outra luz flutuar vagarosamente na imensidão do espaço estelar. Sonhos são impalpáveis, nunca deixam de ser sonhos; alguns mágicos, outros mais reais, mas difíceis de se concretizarem e nunca perdem seu encantamento, quando são almejados pelo coração.
Sonhar sonhos ousados ou simples. Sonhar sonhos que povoam as idéias dos seres humanos que lutam com dignidade, perseverança e esforço para concretizá-los. Sonhar sonhos que se tornam ou não em realidade, sem desistir ou se deprimir. Sonhar sonhos sem ultrapassar horizontes ou o caminho do próximo...
Sonhar sonhos que nos colocam no lugar onde as mãos e os pés podem alcançar, sem nos tolher de subir mais um degrau ou dar mais um passo, sem esticar demais as pernas ou ultrapassar em alta velocidade ou invadir o caminho de outrem. Sonhar sonhos e saber que cada dia eles poderão ser reestruturados ou arquivados. Sonhos não envelhecem e sempre devem fazer parte de nossos pensamentos, ações e metas de vida. Sonhar sonhos e nunca deixar de sonhá-los.
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal - Deia Leal
Diretora do Jornal Aldrava Cultural
Governadora do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais-Minas Gerais
(31) 8431-4648
Telas: http://deia-leal.artelista.com/
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