Companhia de Dança Contemporânea de Évora, Portugal_em setembro
Abaixo, um de meus poemas mais lidos.Escrevi-o para todos os dançarinos, mas ofereci-o inicialmente para os da Companhia de Dança Contemporânea de Évora, Portugal.A convite dela, escrevi um artigo,A Casta da Dança, para o Caderno de Dança 2.Neste mês, esse texto saiu na revista do Movimento Cultural aBrace,editada em papel e virtual(Uruguai).Em agosto, recebi um e-mail de uma jovem dançarina brasileira,gaúcha, solicitando-me autorização para coreografar e musicar o poema, o que deixou-me super contente.
Dançar é escrever com o corpo
Dançar é escrever com o corpo
no espaço estendido á frente,
alongar-se,encolher-se,
rodopiar,
inclinar-se.
jogar-se em absoluta confiança
no Outro que a(m)para,
depois de centenas de ensaios...
Dançar é tocar música
com gestos,com os pés,
absolutamente sem voz,
na arrasadora maioria das vezes.
Dançar é interpretar com meneios
e oscilações impressionantes
ao nosso olhar supreso,
pois temos os pés no chão,
as nuances da mensagem,do enredo,
da palavra em das formas desenhadas
no espaço...
O corpo é o instrumento dos dançarinos:
suas mãos-libélulas,
suas mãos- borboletas,
suas mãos-colibris
escrevem versos no ar...
Seus pés com centenas de micro-fraturas,
seguem intinerários
que a cada instante
recomeçam
e recomeçam,
e se repetem...
A coluna é de borracha,de látex,de seda...
Curva-se,ancaixa-se,projeta-se.
e como dói,mas que importa,
se é o centro do soma?...
O rosto parece cheio de luz
e não revela os sofrimentos
nem os cansaços...
Há um sol em cadaum dos olhos,às vezes,um luar de ouro,
pois sempre brilham de prazer,
no vício sagrado
impossívelde desfazer
Já vi balerinos em cadeiras de rodas,
cada célula a vibrar,
como se fosse um palco
particular.
Já osvi com próteses de celulóide,em pleno vôo...
Já vi os que não mais podem
bailar,tornarem-se mestres,
para que osOutros possam dançar por eles...
Quemagnífica mensagem vemos nas sapatilhas
esfarrapadas e disformes,
que foram um dia de superfície lisa e brilhante,
cetim e forma...
Quantos já dançaram com pés sangrando,
joelhos inchados,microfraturas?
Quantos choravam lutos e perdas
enquanto sorriam?
O dançarino é feito de retalhos dos deuses,
lançados pela Terra,
para que não possam ser esquecidos
em sua divindade...
O dançarino tem um pouco de ave e de borboleta
ou libélula,ou pluma,ou floco de algodão,
ou pétala,ou poalha ,
a dançar na luz...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte,28/04/2006,por 29/04,Dia da dança
Poesia publicada no PPP,projeto poesia no pano
www.recantodasletras.com.br/
>>>***<<<
Dança em Cadeira de Rodas
Quando Virgilene Araújo lançou, no foyer do Palácio das Artes,em Belo Horizonte, MG, seu "Uai Poético- pesquisando Tendências e Raízes" (*), após os autógrafos, foi paresentada uma dança fantástica, de dançarinas com órteses e próteses.Somente quando a luz incidia sobre algumas pernas, via-se que eram mecânicas, mas foi algo que tocou-me profundamente.A música e a dança são universais e onipresentes no Mundo.Atravessam quaisquer barreiras de idioma ou credo, cultura ou política.Quando vejo duplas onde um dos dançarinos não tem problemas locomotores , a impulsionar artisticamente,o outro, que os tem, mal posso respirar,de emoção...
À época, Virgilene Araújo integrava a ÁPODE, ajudada pelo marido, então namorado, Rogério Salgado.
Abaixo, Lisieu , Cônsul em MG de Poetas del Mundo, responde aos versos de Jorge Linhaça, leiam:
A Cônsul em Minas de Poetas del Mundo, Lisieux, escreve sobre a D/Eficiência,inspirada pelo poema de Jorge Linhaça :
"Oi, Clevane... por mim, pode publicar, claro! Fique à vontade para usar (e abusar) tudo o que é meu... rs
O poema do Jorge está aí, abaixo(...) "
A DANÇA DA INCLUSÃO
Jorge Linhaça
A cadeira gira suavemente
ao som da serenata ao luar
pelo palco assim a deslizar
encantando a toda a gente
Um parceiro em movimento
sobre as pernas a bailar
o bailado a completar
embevecido em sentimentos.
A platéia aplaude, chora
inebriada de emoção
A fraternidade aflora
Fala mais alto o coração,
o puro amor enfim vigora
nessa doce dança da inclusão.
"ótimo Jorge... dei um "pitaco"..."(Lisieux)
(em A DANÇA DA INCLUSÃO de Jorge Linhaça):
BAILADO (D)EFICIENTE
lisieux
O movimento, suave e delicado
Se torna, às vezes, forte e ritmado.
Ao inclinar o corpo, leve, qual menino,
nem mesmo percebemos
a cadeira sob o dançarino.
Ao som da música, é mágico o bailado...
e o público aplaude, entusiasmado,
a evolução do par de bailarinos.
Extasiada, eu fico a meditar:
- não é preciso usar as pernas
quando se sabe voar...
BH - 30.03.07
(*)UAI POÉTICO-Pesquisando Tendências e raízes":antologia de pesquisa sobre os bardos mineiros-onde,eu que moro em MG desde os seis anos de idade, "mineira de adoção", conforme consta no site UAI ,tenho a honra de estar, ao lado de muita gente boa e também de vários "chegados",a convite da autora.
A edição primorosa, em papel couché, com o "Pirulito" da famosa Praça sete,na capa, é da Gráfica Editora "O Lutador".O livro teve a participação de infra-estrutura de Rogério Salgado.
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