Poetas Suicidas-Série de Poemas-Clevane Pessoa
Suicídio de Poeta
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
(I)
Todos os poetas são suicidas,
quais araras,quais falenas.
Todos os dias morrem um pouco,
cansados quais beija-flores,
quais borboletas
Pesa muito a lucidez do louco!
Para eles, são imensas,
às vezes insuportáveis,
coisas muito pequenas.
Mas renascem de sua própria essência,
Fênix a renascer, renascer,renascer,
para voar sacudindo as cinzas
da pira sacrificial...
Suicidio de Poeta
(II)
Há dias
em que corto as veias da alma
com estilete de cristal.
Depois aparo a hemorragia
com algodão roubado às nuvens,
Coloco um band-aid
de pétala de flor
e saio a exibir à vida,
a novidade.
Suicídio de poeta
(III)
Escondo o rosto
sob o acolchado.
Inspiro gás carbônico,
porque a cabeça dói.
Corto a cabeça
e tenho alívio.
Mas sou poeta.
Fabrico uma cola de contato,
tiro meu próprio retrato
e me deito, nariz para a vida,
inspiroexpiro
o*x*i*g*ê*n*i*o*
e durmo para sonhar
Suicídio do Poeta
(IV)
Depois de dizer que vou embora
porque estilhaços de medo
cortam e sangram-me
o senhor coração
fecho os olhos
para não ver a dor.
Mas em um segundo
saio correndo
e vôo pela janela,
para avisar ao bem amado
que não partirei mais.
E vou escrevendo
versos de para sempre,
para sempre,sempre.
Poeta Suicida
(V)
Se é poeta suicida
como apregoa em seu nick,
há de suicidar-se/ressuscitar
todos os dias.
A alma aberta em leque
apreende aagonia.
O leque se fecha,
por hipersensibilidade.
escreve a elegia..
É cheio de superdefesas.
E renasce de si,
broto verde após a queimada...
(Ao(s)Poeta(s)-suicida(s)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, MG
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